sábado, julho 31


Paris, 15 de maio de 1975.

Hoje acordei inteira com apenas o cheiro de cigarros no cobertor, criada a partir da tua pele, em que eu fiz que tu disseste adeus em canto, e pingos de tristezas naquela noite em que desapareci nunca mais fui a mesma, nunca mais viveria aquilo, nunca mais me entregarei daquela forma, naquela de ir e vir se passaram 7 meses, preferi que fosse mais forte da última noite, do que um sentimento de pena no decorrer da minha história . Na verdade sempre estive por perto. Mas meu jeito de amar profundamente acreditando sempre não ser egoísta, de te ver longe e contemplar tua felicidade, pois ninguém pode ser feliz ao meu lado. Meu destino é longe das contagiosas expressões da maioria das pessoas. Não tenho muito tempo para esperar o futuro. Quando começamos nosso relacionamento às escondidas naquele verão de 74, descobri um problema fatal, que teria de fazer uma serie de tratamentos, mas tive o livre arbítrio para escolher o que fazer da minha vida. Sempre fui independente, sempre enfrentei minha família e conseqüentemente a sociedade em si e com certeza não me vejo em uma cama de hospital tendo uma serie de crises de vômitos, ou pior de tristeza de me ver assim.

Quem sabe nos encontramos em outra vida, enfim, viva e prometa ser feliz, e jamais me esquecer. Quero que tu saibas que tu és o único homem que me casaria, teria filhos e confiaria a ti, toda a minha felicidade e minha vida. Mas meu fim chegou, tu estarás lendo no fim de meu leito e deveras se sentir abraçado e sentir o vento de meu último beijo. Quero que tu tenha na memória todas as minhas formas, principalmente vivas.
Com esse pequeno bilhete, de formas livres. Da tua eterna marca que deixaste em meu coração, levo comigo na morte um vazio de te deixar.

Pra sempre tua