quinta-feira, outubro 1

Fases da minha lua



Quando surge ao despertar, os olhos se abrem, olhei-me, - você se reconhece?
Eu não!
Hoje, me olhei, como se meus olhos fossem um reflexo de um espelho enorme e por surpresa não reconheci aquela menina. Uma sensação de que dormi 18 anos com a mesma pessoa e não reconhecendo a si própria.
Entendi que talvez fosse o reflexo da verdade, talvez o reflexo mais doloroso que possa existir em mim.
Sei de minhas escolhas, dos meus gostos, mas aquilo não era o suficiente, precisava descobrir mais sobre mim. Foi então que resolvi procurar.
Começando pelos defeitos, mas pensei comigo, “por que pelas coisas ruins?” E assim veio uma resposta imediata, “Assim será mais fácil!”.
No pensar, refletir, agir.
Levantei!
Coloquei de imediato minhas pantufas e corri para espelho de verdade.
Não havia graves mudanças.
Voltei, deitei sobre a cama!
Fechei os olhos e imaginei como seria o dia que teria.
Não tive conclusões maiores sobre mim.
Então parei e pensei em como eu sou, mas novamente sem resultados de que me faria reconhecer aquela menina.
E escrevendo agora, reconheço que não existe mais aquela menina dos olhos verdes.
Vejo que sou muito mais além de sonhos e planos e, portanto de realizá-los. Pois é, chegou à hora, tão sonhada pela menina.
Bate a minha porta o medo!
Medo de realmente conseguir decepcionar aquela menininha, já que agora já sou uma mulher.
E agora? O que devo fazer da minha vida?
E como num leve canto de criança e menina me pede e diz:
- Calma! Pra tudo tem seu tempo.
E continua:
- Tu já não fazes mais parte da minha vida, mas, tu fizeste coisas em que me orgulho de um dia ter passado pelas fases de tua vida. Lembre-se que por ti, aprendi a não ter medo do Zé Gotinha, do Papai Noel e nem do Bicho Papão.
E eu em um suplico digo:
-Mas...
E ela sem nenhuma chance de me defender disse:
- Se eu aprendi a perder o medo de fantasias, por que tu deves ter medo da vida?