sábado, novembro 27

O Côncavo em forma de sorriso.


Aquele olhar desesperado para a janela, todos os dias ascender um incenso para atrair coisas boas, aquele arrepio quente da música favorita, os mesmos títulos na estante, tudo muito certo, constante, juro que tudo isso já começava a me perturbar.

Sentada em um banco na rua, eu ficava insistentemente acendendo o isqueiro pra tentar simplesmente esquecer absolutamente tudo, precisava sentir aquilo de novo, aquela sensação do aperto, insegurança, inconstância, era realmente urgente para um coração aflito, uma cabeça mergulhada no fundo do poço; Mais uma cabeça, dentre tantas.

Apenas queria parar no meio fio de uma calçada qualquer e chorar, porém há anos tenho procurado pela rua e até hoje não tinha sentido em minha pele seca qualquer tipo de lágrima, que me fizesse levantar em busca do que descreverei. Estava completamente perdida.

Dentre cartas, bilhetes, não sobraram absolutamente nada, apenas aquele clarão incendiar-se sobre minha pele, até que inconscientemente ficasse vermelha. Não sabia se era raiva ou calor, eu realmente não conseguia mais distinguir meus sentimentos. Era no mínimo estranho.

Resolvi tirar minhas próprias conclusões dos fatos, precisava mesmo era sentir no auge da loucura todo aquele sofrimento aquelas coisas redundantes enfim que simplesmente acontece, e gritar, respirar, rir da tua loucura, ficar com vergonha, gritar de novo e inventar canções.

Deitar no chão e observar as voltas do ventilador do teto, consertar a mesa, dar risada quando se perde dinheiro, beber uma cerveja e conversar sobre a bolsa de valores, nem mesmo sabendo direito o que é. São coisas simples que aprendi a dar valor nesse exato momento.

Essa preciosa alma urgentemente diz em um anúncio num jornal qualquer: “Precisa-se de novos livros, um cinzeiro, e um novo amor.”

sexta-feira, novembro 12

Das margens, um viajante.


Vestido preto e constante luto, enquanto eu percorria a duzentos por hora, era mágico. Setas indicavam um caminho da completa e suja infração, encontrei em minha volta uma porção de pontes quebradas e lugares interditados, era sem sentido, talvez uma tragédia grega. Em tudo havia possibilidades, nada para mim é um caso perdido. Pedras desmoronavam, e a chuva fina ainda flanava rumo ao sonho. Daí por diante eu não era apenas mais uma. Eu acabara de achar a solução para o insolúvel, permita-se!

Apesar de tarefas burocráticas, recapitulei todas as páginas, eu poderia flutuar, e sentir milhões de vezes a mesma sinestesia do extraordinário estridente sabor de fruta proibida. Entenda simplesmente como um congestionamento de livros, era realmente fantástico. A lua misturava-se com milhões de luzes da cidade, ou ao contrário enxergar a única luz do pôr do sol, com uma mistura de árvores e montanhas. Indescritível, apenas permita usar sua imaginação.

Confesso que enquanto observava silenciosamente, rabiscar versos eram constantes aventuras que praticava, enquanto pensava sobre a imensidão da virtude que poderia corresponder à solidão. Eu apenas fui expulsa de um mundo imoral. Talvez eu seja uma famigerada, porém recuso tentativas exploradoras.

Presumindo instintos, intuições. Não tenho arrependimentos dos beijos, mas palavras de amor que nunca foram entregues. Coisas que somos obrigados a aprender. Devo seguir somente para onde as setas indicarem e nunca esquecer de que um dia recapitulei todas as páginas, por cima de altas ondas. A evolução sempre é um mistério.

Minha alma é pura coberta de uma carcaça de uma breve representação da luxuria, “Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade, tudo está perdido, mas existem possibilidades..."