quarta-feira, março 30

Um dia frio



O perfume não era mais o mesmo. Não sentia como antes. Parece que estava imune ao veneno misterioso daquele moço. Já sabia de tantas coisas e de mais outras, que me assustaram. Mas ainda precisava dele, precisava sentir ele por perto, mas o que acontecia era ele, me perseguindo constantemente em minha cabeça fantasiosa, que me fazia encantar por alguma coisa, que com certeza que não era ele por inteiro.

E agora. Isso significa que devo ir embora??? Que devo seguir em frente? Que eu vou ter que caminhar tudo de novo? O que fazer com tudo que me dividiu, me fazendo voltar? Não era apenas um livro, era uma delícia. Daqueles diferentes do que eu tive, era impossível, era divertido, era como um dia frio.

Do que adianta dizer basta, se meu extinto contraditório diz quero mais. É um ato falho, ou não? Descobri que estou completamente perdida, por gostar de uma pessoa, que no fundo está mais perdida que eu. Como eu posso sentir falta de uma pessoa que está o tempo todo na minha cabeça? Como eu posso me torturar dessa maneira?

Como se meus passos fossem propósitos para desencontros, sabendo que iria encontrar suspeitas, como se eu estivesse "empreitando as fechaduras", observando de longe, o meu amor imaginário.

Na verdade, sinto o que não quero sentir, sinto, pois não posso ter e por não querer estar... E estando não sei se fui feliz. Mas ao mesmo tempo em que preciso ir, acabo ficando e insistentemente acabo resistindo não às tuas garras, mas pelo que eu sinto.

E de que adianta sentir? Vai chegar a algum lugar? Não quero fazer parte do pedestal que te deram. Tu sabes que pra mim tudo é muito diferente, somos nada. Foi tudo muito devagar, sem perceber, como diz Caio F. "Entenda bem: não me veja tentando reatar uma história de amor já bastante espatifada (ou talvez sim, mas você não me deu chance e a coisa mais saudável que eu podia fazer era entrar noutra). Acontece que, com ou sem cama, gosto profundamente de você."

E quando tudo isso irá acabar, baby?

Nós falhamos, meu bem.


terça-feira, março 8

Caio e eu


"Ah. Menina, o que foi que foi que aconteceu com você? O que foi que fizeram com você? Eu não sei, eu não entendo. Roubaram a minha alegria, Tiamelinha quando foi pra clínica só dizia isso: roubaram a minha alegria, é tudo uma farsa, aquele olho desmaiado, é tudo uma farsa, roubaram a minha alegria. A primavera, o vento, esperei tanto por essa margarida, e veja só. Atrofiada. Aleijada. As pedras frias do chão da cozinha , rolar nua neste chão, qualquer dia faço uma loucura, faz nada, você está nessa marcação faz mais de dez anos. Mais de dez anos. A gente se entrega nas menores coisas. "

Caio F. Abreu