Quero sensações diferentes, preferir sentar ler um jornal e procurar por palavras, talvez esperar um chá.
Que os vizinhos reclamem do barulho, e que eu possa pintar minhas paredes. Talvez a palavra do dia seja descoberta.
Hoje não quero usar perfume, muito menos maquiagem, quero sentir o meu cheiro, quero enxergar pelo espelho o reflexo no meu rosto em meus olhos. Eu quero voltar a enxergar minhas mãos como se fosse minhas, quero que a minha alma se torne mais profunda e complexa.
Hoje quero me manter equilibrada, girando em tudo a minha volta. Observando cada espaçamento do meu mundo e o círculo em que as minhas energias se concentram, tenho certeza absoluta que há uma ruptura.
Decidi que o inverno chegue de uma vez, e que as coisas boas de setembro voltem. Quero parar de imaginar coisas ruins e usar mais vezes lápis de cor. Não quero precisar contar os cigarros das carteiras que fumei.
Não quero arrumar a casa, muito menos tirar o lixo. Hoje quero bagunçar a bagunça de dentro de mim. Quero mudar de cidade, preciso de mudanças urgentes. Nesse mundo transformado, olho, como se tudo estivesse do jeito que era para ser.
Quero ter certeza dos meus sentimentos, e por enquanto me manter longe das pessoas. Quero papéis em branco para que eu possa apenas rabiscar versos sem sentido. Quero que aquela música pare e outra começe, talvez listar o nome das pessoas que eu mais amo, quero que a chuva pare de ameaçar sua presença e venha levar toda a sujeira que está debaixo do tapete, e com sua pureza lave toda a sujeira que está presente nas pessoas.
Preciso poder amar em absoluto, não pela metade, quero não dar valor às pessoas, ou talvez quiser o que elas não podem me dar, ou simplesmente confiar mais nelas, quero parar de querer, quero parar de iludir as pessoas, quero parar de pensar um pouco.
E como dizia Martha Medeiros: - (...) e você exige estar sempre possuída por um encantamento.
Na verdade eu só quero esquecer-se de tudo amanhã.