terça-feira, fevereiro 15

O café derrubado sobre a calça, a porta do banheiro batia constantemente...



Apesar de tudo, nada me tirava o foco.

Faixas amarelas intercaladas, em cima do asfalto. As cascas das árvores eram secas, o que previa que o inverno haveria de ser seco e muito rigoroso, a grama era muito verde, um verde claríssimo demais para o verão do sul. Existiam também pinheiros, eucaliptos e de quem não duvide muitas ervas, que compunham o cheiro puro de campo, nesta longa estrada.

Para que entendas melhor estava sentada na poltrona 41, tenho o costume de sempre estar no mesmo lugar, portanto na janela. Nunca gostei de viajar pela manhã, mas por falta de dinheiro descobri que a vista é muito bela neste horário. Passei a noite em claro, com medo de perder o ônibus, pois basicamente não tinha dinheiro para outro horário. São exatamente 8:07 am, enquanto escrevo, dentro do ônibus.

Eu pretendia fazer alguma coisa diferente, comecei vendo um filme, mas uma senhora com uma religião muito extremista, quando olhou para a tela do computador, prontamente retirou-se do meu lado com saia comprida e seu cabelo maior ainda, então provavelmente nem irei citar o que estava vendo. Que deus me perdoe!

Enquanto as coisas aconteciam, e eu era apenas uma coadjuvante, a cada instante olhava para a janela e os verdes mesclavam com minhas idéias a procura de palavras que pudessem expressar aquilo que estava sentindo. Envolvendo a bagunça que tinha dentro de mim, e sendo bem prática e racional, para colocar enquando tempo haveria para reorganizar tudo. Pensava em tudo, mas sem razão alguma, não poderia fazer nada para mudar tudo aquilo que se machucava dentro de mim.

O tempo passava, e eu nunca chegava ao meu destino. E eu só me torturava. Mas a penumbra de fora de confortava, o cheiro do nada, me absolvia e o frio do amanhecer congelava-me. As rimas eram suaves, como eu, e de alguma maneira aquilo tudo tinha um contexto diferente.

Na verdade absoluta, como diz minha inspiradora Lya Luft - “Andamos tão desencantados que ser decente parece virtude, ser honesto ganha medalha e ser mais ou menos coerente merece aplausos”.

E querem realmente saber, acho que não entendo mais porcaria nenhuma do que acontece, e mesmo assim os "precisos", foram me consumindo ainda mais. Chegando a um simples portanto, para acabar não me tornando uma pessoa fria, calculista e sem coração.

Preciso afastar todos de mim, para que eu consiga encontrar... Isso não é só uma simples metáfora, realmente é o que eu preciso. Quero me escutar, quero ficar longe de todos. Quero estar “em off”. Em off tem significado informal de ser reservadamente, em particular, em caráter de exceção. Entro agora definitivamente em meu mundo, no meu infinito particular, no sentido singular da exceção.

Mas mando notícias em breve baby.

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